sábado, 19 de março de 2016

talvez de Sidon

acabarão por chegar de algures, talvez de Sidon, talvez de Biblos
homens novos para cartografar a vida
virão notar que aqui encontra-se um homem que espia a solidão à distância 
ali uma mulher que confunde o espaço com o tempo e que por isso vê
no meio desta roda tantos homens que se esquecem de dançar
e sobre tudo isto nada dirão que se confunda no levante com o medo 
ou com a hesitação de quem nasce sem saber
dirão apenas que amor poderá ainda ser
uma praia em Gaza
ou que em Alexandria 
serenos matemáticos contemplam meio poema 
e concluem que o amor poderá ser resolvido 
com um minuto de geometria 
se aplicado a doentes terminais
em missão de abandono 
um estreito de terra e de mar acabará por ver chegar
outros homens que o encontrarão sem esforço 
e que perceberão durante alguns segundos
como esforço é tornar coincidentes as circunstâncias 
tudo coisas que chão e água se esforçam por fazer notar
nas anotações destes homens encontraremos as conclusões de sempre
em papel sulcado pelo tempo
tudo se perdeu 
e é esta a nossa sina
partir para de novo lembrar 
insistir com a vida 
com o só propósito de a cartografar 

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