quinta-feira, 3 de março de 2016

Poema Sinalético


Proíbo-me de escrever poesia
de escancarar no leitor
a violência que ele
me provoca.

Proíbo-me também dos beijos furtivos,
de deixar poesia numa boca violenta
que só dirá silêncios.

Proíbo-me, porque ando a ler
e ler demais faz mal à ignorância;
um artigo dizia que era isto
que fazia adoecer.

Proíbo-me de olhar para o abismo
e de brincar com ele
como se fossem palavras
num poema.

Proíbo-me até quando dá prazer
e se parece com um sonho de infância:
um poema escrito para
a minha mãe.

Será que se perdeu
ou se confunde com tudo
o que a minha mão tende
a proibir?

Proibir-me-ia algum dia
desta fantasia infinita?

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