sábado, 23 de abril de 2016

Quanto De Ti É Já Defunto


Quanto de ti é já defunto ou rua escura numa aldeia quase deserta do interior, 
Quanto de ti te deixou e já não és senão o esquecimento da tua voz nos outros, 
Procuram-te no degrau que falham nas escadas de um prédio sem luz, 
Quanto de ti ficou nas páginas que visitaste sem o toque da saliva 
E dos dedos engordurados pelos dias, a quem te deste, diz-me e dir-te-ei quem és, 
Não te procures nos espelhos partidos dos outros, leva antes umas flores de plástico 
Que duram mais e com os olhos fechados contra o Sol de Agosto, 
Revisita o som do teu nome nos lábios que já secaram de ti, 
Quanto de ti é já defunto, o suor na testa do pai e terra revolvida no quintal 
E te dizem que agora ali o teu gato, o teu cão e todos os sonhos que não levaste. 

Turku 

23-04-2016 

João Bosco da Silva

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