Vejo-te dentro da maré alta, rebentações furiosas
largadas à ternura de um postal sobre a costa luminosa.
Vivo na pedra onde cai a tua água, lágrimas pela madrugada
salgando a boca mutua de palavras em estado-limite.
Assim somos entre beijos aquosos - um afogo de amor
a favor da natureza implacável, onde só o tempo
construirá a mecha de areal que pretendemos
a cada abraço profano, a cada onda de turbulência desmedida.
Lembro-me desse mar, atraida pela cicatriz da rocha,
um beijo em desespero como se fosse erosão sobre os lábios:
como me aproximo de ti e vejo a escarpa mortal
és o salto para dentro, a vista desprotegida sobre o Cabo.
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